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Daí que as escolas terão que ajustar as suas metodologias afim de desenvolver “a inteligência como capacidade multiforme de adaptação às diferenças e às mudanças” (Fink, 2002). Isto porque a utilização da metodologia tradicional não tem propiciado o desenvolvimento de competências e habilidades nos alunos, mas sim, como refere Chaves (2000), a absorção, por parte deles, de conteúdos meramente informativos: factos, conceitos e procedimentos.
O mesmo autor acrescenta ainda que os currículos utilizados nesse tipo de educação não são centrados na análise e na tentativa de resolver problemas, mas sim em disciplinas com conteúdos meramente informativos, e que, em geral, são apresentadas aos alunos de forma abstracta, totalmente desvinculada dos problemas fundamentais que um dia levaram o ser humano a se interessar por esse tipo de questão.
Por sua vez, Perrenoud (apud Gentile & Bencini, 2002) diz que os alunos acumulam saberes, passam nos exames, mas não conseguem mobilizar o que aprenderam em situações reais, no trabalho e fora dele, porque na escola ensina-se por ensinar, não se dá ao trabalho de trabalhar suficientemente a transferência e a mobilização.
Uma das grandes vantagens da metodologia por competências em ralação a metodologia tradicional está no processo de avaliação. Enquanto que na metodologia tradicional o processo de avaliação está muito centrado no testes sumativos - basta vermos como exemplo a avaliação praticada nas nossas escolas em que a própria lei de avaliação no Ensino Secundário estabelece que os testes sumativos devem ter um peso de 80% - a metodologia por competências favorece uma avaliação continua já que as salas de aula transformam-se em espaços de debate e de produção de artefactos de aprendizagem, dando o aluno a oportunidade de melhorar os seus pontos fracos ao logo do processo.
Os testes sumativos não são muito eficazes para demonstrar o processo de aprendizagem do aluno, nem para medir as capacidades efectivas dos alunos já que dependem da natureza das perguntas nelas incluídas, da forma como o aluno se sente no momento do teste, do pouco tempo concedido à sua realização e, como diz Fernandes et al (1994), o que parece contar não são as intuições, as experiências e os conhecimentos que o aluno detém, mas antes o seu desempenho no limitado espectro de questões apresentadas nos testes, ao mesmo tempo que não há lugar para reflexões e reformulações.
Portanto, pensar na educação orientada por competências é não pensar apenas em dotar os alunos de conhecimentos, mas capacitá-los, transformá-los em pessoas críticas, reflexivas, sociáveis, capazes de intervir na sociedade, de resolver problemas e tomar decisões.
Porém, implementar a metodologia por competências no sistema educativo não implica somente fazer uma revisão dos curricula e dos programas. Deverá necessariamente haver mudanças nas formas como os professores ensinam e nas formas como os alunos aprendem, mudanças na forma de gestão e organização dos estabelecimentos de ensino. Estas mudanças só poderão ser feitas com o apoio das TIC. As TIC têm grande importância nesta revolução já que facilitam a sua implementação. Portanto, será ainda necessário romper-se com as rotinas em que caiu o ofício do professor e do aluno, romper com as rotinas pedagógicas e didácticas; com os paradigmas tradicionais que privilegiam a transmissão e a acumulação do saber, com as segmentações disciplinares, com a divisão do currículo; com o peso da avaliação demasiadamente centralizado nos testes sumativos em detrimento de uma avaliação contínua.
Num outro post, analisaremos essas mudanças de forma mais aturada.
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