quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mudanças nas Escolas

As escolas têm o grande desafio de formar o Novo Cidadão para o Novo Mundo. Para além de adoptar, no sistema de ensino e aprendizagem, a nova metodologia por competência em substituição a metodologia objectivista tradicional, as escolas devem melhorar o seu sistema de gestão e reestruturar as condições materiais que proporcionam como suporte aos processos educativos.

Para as escolas funcionarem neste tipo de ensino por competências requer que haja grandes investimentos. Isto porque as salas de aula passam a ser espaços de produção de artefactos e de realização de experiências, abandonando cada vez mais o método de “giz e quadro”.

Para Burnier (2001), nenhum professor pode implementar as novas estratégias de ensino e de aprendizagem se não contar com Escolas com bibliotecas amplamente equipadas e actualizadas, com laboratórios e oficinas com espaços e infra-estruturas físicas adequados, com um número reduzido de alunos em cada turma, com laboratórios de informática e com ligação a Internet.

Para além dessas condições materiais, uma escola que pretende desenvolver competências nos seus alunos e prepará-los para lidar com os problemas da sociedade deve também ser um estabelecimento que promove a cultura reflexiva, isto é, deve ser uma “escola reflexiva”, na acepção de Isabel Alarcão. Segundo a autora uma escola reflexiva é aquela que “pensa continuamente em si própria, na sua missão social e na sua organização. Está sempre em desenvolvimento. É aprendente e ensinante.” Portanto, uma Escola Reflexiva é aquela que tenta constantemente identificar seus pontos fortes e fracos e em consequência adoptar mediadas com a finalidade última de melhorar a qualidade do ensino. Nesse sentido deve promover a prática reflexiva entre os membros da sua comunidade, propiciar a troca de ideias, incentivar métodos de estudos inovadores, incentivar as visitas de estudo e o ensino orientado por projectos, incentivar a pesquisa. Os estabelecimentos de ensino devem ainda estar abertos à sociedade e à comunidade onde se inserem, devem estar atentas aos problemas da sociedade para poderem preparar os seus alunos para os resolver, devem estabelecer contactos sistemáticos com o mercado através de pesquisas, trocas de serviços e contactos directos com profissionais, contactos sistemáticos com outras instituições irmãs para troca de experiências pedagógicas e de gestão.

Mas os estabelecimentos de ensino não devem ficar só pela troca de ideias e pela constatação de problemas, devem também desenvolver uma cultura de resultados. Para isso as escolas devem ser dirigidas apoiando-se em instrumentos de gestão como o Plano Educativo Escolar (que em Cabo Verde ainda não se encontra devidamente regulamentado, mas que vem já mencionado em diplomas como o Regime de organização e Gestão dos Estabelecimentos de Ensino Secundário – Decreto-lei n. 20/2002 de 19 de Agosto, no sentido de incentivar as escolas a adoptarem-no na sua gestão), para traçar metas a curto e longo prazos para resolver as dificuldades constatadas, e que acima de tudo avalia a sua actuação.

De acordo com tudo isso, uma pergunta se afigura: será que a gestão das escolas deve continuar a ser dirigida por professores nomeados pelo Governo? Ou o gestor/director deve ser escolhido pelos seus pares e de preferência entre os professores com formação específica em gestão escolar? Sabendo que Cabo Verde persegue sempre os bons exemplos e está neste momento na senda de revolucionar as práticas educativas, certamente que os governantes darão conta que a bem da transparência, da descentralização e independência das escolas e da qualidade do ensino, o melhor é adoptar também esta mudança.

O Programa Mundu Novu do governo de Cabo Verde conduzido pelo Núcleo Operacional da Sociedade de Informação em parceria com o Ministério da Educação tem a ambição de responder a maioria desses desafios esmiuçados acima.

O Programa prevê no seu pilar (I) infra-estruturas conectar, numa primeira fase, 100% das estabelecimentos de ensino superior, 98% das escolas do ensino secundário e 24% das do ensino básico à rede de Internet. Para além disso será implementado nas escolas o programa Sistema de Informação e Gestão Escolar, para dotar as escolas de programas tecnológicos de gestão. Será possíveis por exemplo os pais receberem informações sobre notas e assiduidade dos filhos por telemóvel. As escolas serão ainda equipadas com computadores e outras tecnologias como quadros interactivos.

O programa irá ainda, no seu pilar II dotar as escolas de conteúdos interactivos. Na vertente formação, pilar III, professores e demais agentes educativos das escolas serão capacitados na utilização das TIC. Formação aliás que já começou com a formação de 40 professores formadores, ministrada pela INTEL.

Razões para dizer que a Revolução esta em marcha.

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