O barulho internacional à volta das competências já ecoa em Cabo Verde, mas ainda é fraco para zunir nas salas de aula e chegar aos ouvidos dos professores e aprendentes. Em Cabo Verde o método de ensino, principalmente no secundário, continua bem tradicional. Os currículos ainda não falam na linguagem das competências, os professores ainda correm para cumprirem os programas e os aprendentes continuam bons ouvintes e menos bons autores das suas aprendizagens.
Mas a metodologia por competências e os paradigmas construtivistas já não são de todo novidades por aqui. Cabo Verde tem feito todo um trajecto em busca de uma reforma do seu sistema educativo com o objectivo de acompanhar a revolução internacional que tem estado a acontecer no mundo da educação. Este trajecto tem-se traduzido, por um lado, na decisão de aumentar a escolaridade básica obrigatória de 6 para 8 anos, que está ainda em fase de experimentação; por outro lado, na introdução de novas áreas disciplinares inovadoras, como a Cidadania, que são temáticas importantes para responder aos desafios da sociedade e que estão já nesta fase de experimentação, e a serem abordadas utilizando a metodologia por competências. E, finalmente, traduz-se na revisão curricular.
O processo de revisão dos curricula e dos programas encontra-se na fase final. Neste momento, a revisão esta sendo disseminada com as escolas e os professores.
No quadro do programa Mundu Novu iniciou-se a formação dos professores nas novas competências para o Sec. XXI e na sua abordagem utilizando as TIC.
No entanto, o Subsistema de Educação Extra-escolar, sob a alçada da Direcção Geral de Alfabetização e Educação de Adultos (DGAEA), parece estar muito mais avançado do que o próprio sistema no seu todo. É que a DGAEA, que há muito tem utilizado uma pedagogia inovadora de educação a distância através da rádio, trabalhando os conteúdos na lógica de resolução de problemas, já elaborou um novo desenho curricular fundamentado no desenvolvimento de competências. Na sua primeira versão impressa de Outubro de 2007 podemos ler que “são quatro as competências seleccionadas para o Desenho Curricular: (1) actuar autonomamente, (2) usar ferramentas interactivamente, (3) interactuar em grupos heterogéneos e (4) laborais, na base do que é reconhecido pela OCDE, pela OIT e pela própria União Europeia” (DGAEA, 2007, pag.33).
Portanto, Cabo Verde está no começo de um longo caminho rumo à tal espécie de “revolução cultural” mencionada por Perrenoud. É necessário porém estar ciente que o processo não só deve mudar na organização dos currículos e programas, mas também na própria forma de funcionamento das escolas e principalmente na forma de actuar dos aprendentes e dos professores.
domingo, 9 de agosto de 2009
Cabo Verde - Descobrindo a Metodologia por Competências
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