O cenário da educação está a mudar em todo o mundo como necessidade de responder às demandas de uma sociedade global que se quer inteligente, e que portanto requer cidadãos competentes que saibam utilizar eficazmente o seu conhecimento, atitudes e habilidades, para construir uma sociedade melhor, sustentável e, de certa forma, remendar os estragos fabricados pela sociedade industrial, em que o meio ambiente é o exemplo mais visível desse estrago.
Portanto, o meio educacional encontrou duas formas para tentar acompanhar a evolução da sociedade. Uma das tendências é inovar as pedagogias, traduzida num processo que deixa de estar centrado em currículos que privilegiam a transmissão de conteúdos disciplinares para um currículo mais centrado em projectos e na resolução de problemas de forma a permitir o desenvolvimento de competências. A outra tendência traduz-se na utilização, cada vez maior, das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como ferramentas inovadoras, motivadoras e facilitadoras do emprego da nova pedagogia e de assunção pelos professores e aprendentes dos novos papéis a eles reservados.
Perrenoud referiu a estas mudanças como uma espécie de “revolução cultural” que deve acontecer na educação.
A meu ver esta revolução deve começar pela envolvência e sensibilização de toda a sociedade para esta questão a fim de informar e desmistificar este processo. Por outro lado, deve-se adoptar as medidas práticas que essa própria reforma implica.
A revisão curricular é apenas uma delas. E a revisão curricular e dos programas serve para adequá-los ao desenvolvimento de competências. Na verdade a Metodologia de Desenvolvimento de Competências baseado nos paradigmas construtivistas é nova aposta da comunidade educativa no sentido de romper com as rotinas em que caiu o ofício do professor e do aluno, com as rotinas pedagógicas e didácticas; com os paradigmas tradicionais que privilegiam a transmissão e a acumulação do saber, com as segmentações disciplinares, com a divisão do currículo; com o peso da avaliação demasiadamente centralizado nos testes sumativos em detrimento de uma avaliação contínua.
A revisão curricular serve, pois, para tentar minimizar a segmentação disciplinar, propondo uma maior interdisciplinaridade; para propor uma diminuição do peso dos conteúdos disciplinares, e a adopção de uma avaliação formativa orientada para as competências.
Mas deverá servir principalmente para definir as competências consideradas fundamentais para os alunos desenvolverem e a partir deles intercalar os conteúdos disciplinares que vão servir como meio para desenvolver tais competências. Os conteúdos disciplinares devem ser trabalhados de forma interdisciplinar para que os alunos não ficam com a ideia errada de que o conhecimento, o saber, é fragmentado. Neste particular, deve haver uma atenção redobrada com a introdução das novas disciplinas para se evitar fazer apenas mais uma segmentação disciplinar em vez da “harmonização” dos conteúdos.
Um outro aspecto importante dessa revisão curricular é que a avaliação seja realmente formativa e orientada para as competências definidas. Uma avaliação que não serve apenas para medir mas que oferece ao aluno a hipótese de tomar consciência dos seus pontos fortes e fracos e poder melhor a sua aprendizagem ao longo do processo.
Mas uma revisão curricular não pode ser feita de um dia para o outro. Perrenoud (apud Gentile & Bencini, 2002) chama atenção para o erro de querer fazer as reformas curriculares rápido de mais sem observar as práticas sociais, para identificar situações nas quais as pessoas são e serão verdadeiramente confrontadas. Perrenoud critica muitos países de se contentarem em colocar um verbo de acção à frente dos saberes disciplinares, na ideia de estarem a fazer uma reforma dos programas tradicionais. Para este estudioso a descrição de competências deve partir da análise de situações, da acção, e disso derivar conhecimentos.
Contudo revolucionar a sistema educativo não implica somente fazer uma revisão dos curricula e dos programas. Deverá necessariamente haver mudanças nas formas como os professores ensinam e nas formas como os alunos aprendem, mudanças na forma de gestão e organização dos estabelecimentos de ensino. Mudanças essas que só poderão ser feitas com o apoio das TIC. As TIC têm grande importância nesta revolução já que facilitam a sua implementação.
Veremos estas mudanças de forma mais aturada nos próximos posts.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Mudanças no Sistema Educativo
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