Como tinha dito noutros posts vivemos hoje numa sociedade pós-industrial.
A sociedade pós-industrial nasceu com a Segunda Guerra Mundial, a partir do aumento da comunicação entre os povos, com a difusão de novas tecnologias e com a mudança da base económica. Um tipo de sociedade já não baseada na produção agrícola, nem na indústria, mas na produção de informação, serviços, símbolos (semiótica) e estética”(1).
A história da sociedade pós-moderna confunde-se com a história da Sociedade da Informação, ora com a história da revolução da tecnologia da informação, ora com a história da sociedade do conhecimento. O que há de comum nestas histórias é a convergência, de que, há elementos definidores de uma nova relação homem, máquina e conhecimento (2).
Concentremos na Sociedade de Informação
Embora o uso dos computadores tenha sido ampliado a partir do surgimento da www em 1994, eles já existiam desde 1969. Mas foi a partir da Internet que uma nova sociabilidade passou a existir, abrindo caminho para outros tipos de relacionamentos (através dos chats, por exemplo), onde pessoas de diferentes idades, nível sócio-económico, cultural ou religioso passaram a expressar-se (através de e-mails, páginas Web, de blogs ou fotologs); onde governos desbravaram novos espaços de relacionamento com os cidadãos (através da governança eletrónica); onde empresas descobriram um lugar virtual para relacionar-se com diferentes públicos; onde os movimentos sociais desenvolveram um outro espaço de comunicação e actuação política; onde a mídia impressa descobriu a possibilidade de tornar-se também electrónica e existir em tempo (quase) real. Enfim, onde a noção de tempo e espaço modificou-se abrindo caminho para a criação do Homo Media, definição criada por Vicente Gosciola (2003:28) para tratar da pessoa que “não só está entre os meios de comunicação, mas interage com eles, nele interfere e por eles é influenciado”(3).
Segundo Miranda (2000), “Um dos principais indicadores do desenvolvimento da sociedade da informação é a penetrabilidade das tecnologias de informação na vida diária das pessoas e no funcionamento e transformação da sociedade como um todo(2).
Os grandes temas de discussão da Sociedade de Informação são: a Inclusão Digital, a Convergência Tecnológica dos Media e a Democratização da Comunicação.
O desenvolvimento de políticas públicas para a inclusão digital tem sido a preocupação de muitos países e Cabo Verde não é excepção, como veremos mais adiante.
A própria Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o atraso digital como uma das quatro grandes mazelas da actualidade, ao lado da fome, do desemprego e do analfabetismo.
Essa situação não ocorre por acaso. A diferença numérica de acesso, uso e produção de conteúdos entre os países ricos e países pobres é assustadora. Actualmente apenas 10% da população mundial possui acesso a web. Deste percentual, a maior parte está localizada nos Estados Unidos e Canadá, que concentram mais da metade dos usuários, ou seja 68% e 64% da sua população respectivamente. No lado inverso destes números estão países africanos. Somente 1 entre 250 africanos usa a Internet comparado com 1 em cada 2 americanos e europeus.
As diferenças de acesso e possibilidade de adquirir um computador deram origem ao Mapa da Exclusão Digital, publicado em 2003. É o primeiro estudo nos diversos segmentos da sociedade relacionados às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) que levam em consideração o capital físico (máquinas e softwares) e o capital humano, através da capacitação e da educação para o desenvolvimento social”(3).
Posição dos Países por Número de Hosts
O vasto universo de pessoas que não têm acesso aos computadores, aos provedores de conteúdo, às informações e conhecimentos disponíveis na rede são comummente chamados de excluídos digitais.
Sampaio (2001) categoriza dois tipos de propostas de inclusão digital: uma restrita e outra ampliada. Na primeira, restrita, a aprendizagem da população é dirigida ao uso de computadores e de aplicativos de uso comum, como editores de texto, planilhas, ao acesso à internet dos serviços governamentais, ao correio electrónico e as diferentes páginas Web, estimulando a criação de leitores e consumidores das informações disponíveis. Isto é, não promove a cidadania activa. Já a inclusão social ampliada capacita para a formação de pessoal com condições de participar como interlocutores e não apenas como receptores na discussão e construção de políticas públicas. Capacita para produção de páginas Web, de blogs, jornalismo On-line ou programas de rádio digital. Enfim, capacitam para o exercício da cidadania e do pleno exercício do direito à comunicação”(3).
Políticas Públicas para a Inclusão Digital: O Caso do Brasil.
No Brasil existe um Comité Executivo do Governo Electrónico sob a alçada Ministério do Planeamento, Orçamento e Gestão.
O Comité dispõe de oito câmaras técnicas para a coordenação das iniciativas do governo electrónico. São elas: a) implementação do software livre; b) inclusão digital; c) Integração de sistemas; d) sistemas legados e licenças; e) gestão de sites e serviços on-line; f) infra-estrutura de rede; g) governo para governo; h) gestão do conhecimento e informação estratégica.
A Câmara da Inclusão Digital é responsável pelo “Programa Brasileiro de Inclusão Digital” cujas principais diretrizes são: 1) estimular uma política pública de inclusão digital; 2) ampliar significativamente a proporção de cidadãos, sobretudo os de classe C, D e E, com acesso às TIC; 3) implementar o Programa Brasileiro de Inclusão Digital ; 4) integrar e coordenar as iniciativas de inclusão digital realizadas pela Administração Federal; 5) induzir e fomentar a implementação de espaços públicos de acesso comunitário por governos municipais, estaduais, iniciativa privada e sociedade civil.
O Programa Brasileiro de Inclusão Digital tem como sub-programas:
1.Casas Brasil - O projecto Casas Brasil é uma proposta articulada, podendo apresentar diversas configurações. De modo geral, contemplará um telecentro comunitário, uma rádio comunitária, um espaço interactivo multimédia, um centro de reparos de computadores, auditório e laboratório de pesquisa, tudo no mesmo espaço físico
2. Programa Computador para Todos – tem como entre os principais objectivos:
a) Incentivar a classe média baixa (classe C) a adquirir um computador conectado à Internet; b) permitir às pequenas empresas o acesso ao computador conectado;
c) Ampliar significativamente o número de famílias inseridas na sociedade da informação; d) criar uma grande mobilização nacional para a capacitação digital da população; e) desenvolver uma grande rede de suporte em software livre que gere novos
Empregos; f) levar os serviços públicos de governo electrónico a um maior número de brasileiros; g) abrir as portas do comércio electrónico para as camadas de menor poder aquisitivo.
3. Programa Info-inclusão pelas Escolas – Proinfo - Este programa visa disseminar o acesso e uso a redes de banda larga e à Internet por parte das escolas públicas, em todo o País.
4. Sistema Brasileiro de Televisão Digital - pretende proporcionar a interactividade e o desenvolvimento de novas aplicações que ofereçam entretenimento à população, promovam a educação, a cultura e pleno exercício da cidadania.
Veja no próximo post Cabo Verde e a Sociedade de Informação.
sábado, 8 de agosto de 2009
Mudanças Sociais
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