Antes de mais, peço desculpas aos leitores por haver já algum tempo que não actualizo este blog.
Mas volto em grande, com uma boa novidade. A novidade de que a necessária revolução, de que vinha falando nos outros posts, pode estar prestes a começar.
É com satisfação que registo o arranque do programa MUNDU NOVU.
O programa Mundu Novu é um programa lançado pelo governo de Cabo Verde com um horizonte de implementação de 5 anos (2009-2014) e cujo objectivo geral é acelerar o processo de transformação da sociedade cabo-verdiana numa sociedade de informação. É portanto um programa abrangente que abarca vários eixos, como:
I – INFRA-ESTRUTURA TECNOLÓGICA
1.1 - Conectar as escolas à internet
1.2 - Dotar as escolas, professores e alunos de equipamentos tecnológicos (ex: PC)
II – NOVO MODELO DE ENSINO
2.1 – Apoiara a revisão curricular (conteúdos modernos)
2.2 – Utilizar as TIC no Ensino por Competências (Novos Métodos de Ensino)
III – CAPACITAÇÃO DOS RECURSOS
3.1 – Formar os professores nas novas metodologias de ensino (Formação de Agentes de Educação)
3.2 – Melhorar a gestão escolar com apoio nas TIC (Gestão Escolar)
IV – COESÃO SOCIAL
4.1 – Reduzir a info-exclusão, por exemplo através da criação de praças digitais
4.2 – Envolver associações e comunidades na utilização das TIC (Sociedade Civil)
V – EMPREENDEDORISMO
5.1 – Apoiar o desenvolvimento das empresas do ramo das TIC
5.2 – Envolver a diáspora cabo-verdiana
VI – SUSTENTABILIDADE DO PROGRAMA
Criar condições logísticas, angariar fundos, gerir e divulgar o programa Mundu Novu.
O que mais nos interessa aqui são os três primeiros pilares que têm a ver com a educação.
O governo, através do Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI), já fez saber que para a implementação do pilar I já dispõe no momento de 17 milhões de dólares. Com os meios já conseguidos 98% das escolas do ensino secundário e 24% das do ensino básico estarão ligados à rede de Internet.
O pilar II, segundo o NOSI, também está em fase arranque. Já foram estabelecidos contactos com empresas internacionais como a Porto Editora para apoiar Cabo Verde no desenvolvimento de conteúdos interactivos, de acordo com a nova revisão curricular já em fase de conclusão. Já foi também criada uma equipa do Ministério da Educação e Ensino Superior (MEES) para trabalhar com a Porto Editora neste processo.
O pilar III já arrancou efectivamente e serviu de rampa de lançamento oficial do Programa Mundu Novu. Quadros dos serviços centrais do MEES e 40 professores representantes de todos os concelhos do país receberam uma formação inicial no emprego da nova metodologia de ensino apoiado pelas TIC. Uma formação ministrada pela renomada Internacional INTEL.
Estes agentes forjarão outros formadores que multiplicarão a formação. O objectivo é formar até 2014, 5 mil professores.
Portanto a revolução na educação, considerada necessária por Perrenoud, já começou efectivamente em Cabo Verde.
Tinha dito neste blog que a necessária revolução na educação não deveria ficar pela simples revisão dos curricula e dos programas. Mas que deveria necessariamente haver mudanças nas formas como os professores ensinam e nas formas como os alunos aprendem, mudanças na forma de gestão e organização dos estabelecimentos de ensino. E que estas mudanças só poderiam ser feitas com o apoio das TIC, já que facilitam a sua implementação.
O programa Mundu Novu é a resposta para tudo isso. E tem a virtude de pretender ir muito mais além dos muros das escolas e difundir-se na sociedade civil e organizada.
Mas é extremamente importante ficar claro, principalmente para os professores, que apesar de as tecnologias serem imprescindíveis nesta revolução na educação, não são de todo um fim em si mesmo.
Os computadores, as redes e os programas informáticos devem ser entendidos como formas de facilitar a implementação da nova metodologia de ensino e de aprendizagem. O importante na educação é ensinar por competências, é dotar os alunos de competências, que se convencionou chamar “competências do século XXI”. Os computadores acima de tudo motivam os alunos a aprender, ajudam os alunos a serem autónomos e activos na sua aprendizagem, incentivam o desenvolvimento do raciocínio e de um pensamento interligado, facilitam a administração da aprendizagem, etc. Mas para isso devem ser utilizados estrategicamente.
Não vamos cair no erro de pôr os alunos a jogar nos computadores só por jogar, a utilizá-los apenas como entretenimento ou simplesmente a não saber o que fazer com eles. Devemos incutir nos alunos e nos professores que as tecnologias são poderosos instrumentos de acesso ao conhecimento, de autonomização e de criação de soluções.
Reconforta-nos saber que o programa Mundu Novu começou bem. Começou pela formação dos professores - na forma como devem utilizar as tecnologias para mudar a metodologia de ensino e de aprendizagem - e não pela distribuição massiva de computadores.
Mas uma revolução pressupõe uma longa caminhada. Está-se apenas no começo. O Ministério da Educação prepara uma equipa para trabalhar nesta estrada, desobstruindo as vias e as bermas para que as águas do progresso corram fluidamente para construção de um Novo Mundo.
domingo, 26 de julho de 2009
Vem aí a Revolução – Bem-vindos ao Mundu Novu
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