Como disse nos Posts anteriores, para um país como Cabo Verde que quer adoptar pela primeira vez a metodologia por competências no seu sistema educativo, deve necessariamente pôr em prática um rol de mudanças, que ultrapasse a mera revisão curricular.
Como disse, deve-se começar desde já com a envolvência e sensibilização de toda a sociedade para esta questão a fim de informar e desmistificar este processo. Por outro lado, deve-se adoptar as medidas práticas que essa própria reforma implica.
1. A revisão curricular é apelas uma delas. E a revisão curricular e dos programas serve para adequá-los ao desenvolvimento de competências; para tentar minimizar a segmentação disciplinar, propondo uma maior interdisciplinaridade; para propor uma diminuição do peso dos conteúdos disciplinares, e a adopção de uma avaliação formativa orientada para as competências.
Portanto, a revisão curricular deve servir principalmente para definir as competências consideradas fundamentais para os alunos desenvolverem e a partir deles intercalar os conteúdos disciplinares que vão servir como meio para desenvolver tais competências. Mas os conteúdos disciplinares devem ser trabalhados de forma interdisciplinar para que os alunos não ficam com a ideia errada de que o conhecimento, o saber, é fragmentado. Neste particular, deve haver uma atenção redobrada com a introdução das novas disciplinas que se quer introduzir, como os Direitos Humanos, para se evitar fazer apenas mais uma segmentação disciplinar em vez da “harmonização” dos conteúdos.
Um outro aspecto importante dessa revisão curricular é que a avaliação seja realmente formativa e orientada para as competências definidas. Uma avaliação que não serve apenas para medir mas que oferece ao aluno a hipótese de tomar consciência dos seus pontos fortes e fracos e poder melhor a sua aprendizagem ao longo do processo.
Mas uma revisão curricular não pode ser feita de um dia para o outro. Perrenoud (apud Gentile & Bencini, 2002) chama atenção para o erro de querer fazer as reformas curriculares rápido de mais sem observar as práticas sociais, para identificar situações nas quais as pessoas são e serão verdadeiramente confrontadas. Perrenoud critica muitos países de se contentarem em colocar um verbo de acção à frente dos saberes disciplinares, na ideia de estarem a fazer uma reforma dos programas tradicionais. Para este estudioso a descrição de competências deve partir da análise de situações, da acção, e disso derivar conhecimentos.
2. A adopção da metodologia por competências no sistema educativo implica ainda, como diz Burnier (2001), uma melhor reorganização dos estabelecimentos de ensino com bibliotecas mais e melhor equipadas e actualizadas, com laboratórios e oficinas, com espaços e infra-estruturas físicas adequados, com um número reduzido de alunos em cada turma, com laboratórios de informática devidamente infra-estruturados e com ligação à Internet.
Obviamente que para as escola funcionarem neste tipo de ensino por competências requer que haja grandes investimentos. Isto porque as salas de aula passam a ser espaços de produção de artefactos e de realização de experiências, abandonando cada vez mais o método de “giz e quadro”. Será que Cabo Verde tem condições para implementar tal forma de ensino? Exploraremos esta pergunta em outros Posts.
Continuando…, Para além dessas condições materiais, os estabelecimento de ensino devem estar abertos à sociedade e à comunidade onde se inserem, devem estar atentos aos problemas da sociedade para poder preparar os seus alunos para os resolver, devem ser escolas que estabelecem contactos sistemáticos com o mercado através de pesquisas, de trocas de serviços e contactos directos com profissionais, contactos sistemáticos com outras instituições irmãs para troca de experiências pedagógicas e de gestão.
Devem ainda ser estabelecimentos que promovem a cultura reflexiva, isto é, devem ser “escolas reflexivas”, para promover a prática reflexiva entre os membros da sua comunidade, propiciar a troca de ideias, incentivar a pesquisa, as visitas de estudo e o ensino orientado por projectos.
Mas os estabelecimentos de ensino não devem ficar só pela troca de ideias e pela constatação de problemas, devem também desenvolver uma cultura de resultados. Para isso as escolas devem ser dirigidas apoiando-se em instrumentos de gestão como o Plano Educativo Escolar (que em Cabo Verde ainda não se encontra devidamente regulamentada, mas que vem já mencionado em diplomas como o Regime de organização e Gestão dos Estabelecimentos de Ensino Secundário – Decreto-lei n. 20/2002 de 19 de Agosto, no sentido de incentivar as escolas o adoptarem na sua gestão), para traçar metas a curto e longo prazos para resolver as dificuldades constatadas e que acima de tudo avalia a sua actuação.
De acordo com tudo isso, uma pergunta se afigura: será que a gestão das escolas devem continuar a ser dirigidas por professores nomeados pelo Governo? Ou o gestor/director deve ser escolhido pelos seus pares e de preferência entre os professores com formação específica em gestão escolar? Parece-me que esta politização ou partidarização das escolas não aflora em bonança para a qualidade do ensino. Reflectiremos sobre esta questão de forma mais aturada nos próximos Posts.
3. Todavia, todas essas mudanças não servirão de nada se os professores e os alunos não mudarem a sua prática. O professor deve abandonar a ideia de ser um detentor do conhecimento para passar a ser um orientador e facilitador, e um estratega de actividades que possam favorecer a aquisição de competências por parte do aluno. E o aluno deve assumir a responsabilidade pela construção do seu conhecimento e pelo desenvolvimento das suas competências. Daí que deve também haver uma formação e auto-formação dos professores nessa nova metodologia por competências e na utilização das TIC, e a sensibilização dos alunos para a adopção do seu novo papel.
Como disse, deve-se começar desde já com a envolvência e sensibilização de toda a sociedade para esta questão a fim de informar e desmistificar este processo. Por outro lado, deve-se adoptar as medidas práticas que essa própria reforma implica.
1. A revisão curricular é apelas uma delas. E a revisão curricular e dos programas serve para adequá-los ao desenvolvimento de competências; para tentar minimizar a segmentação disciplinar, propondo uma maior interdisciplinaridade; para propor uma diminuição do peso dos conteúdos disciplinares, e a adopção de uma avaliação formativa orientada para as competências.
Portanto, a revisão curricular deve servir principalmente para definir as competências consideradas fundamentais para os alunos desenvolverem e a partir deles intercalar os conteúdos disciplinares que vão servir como meio para desenvolver tais competências. Mas os conteúdos disciplinares devem ser trabalhados de forma interdisciplinar para que os alunos não ficam com a ideia errada de que o conhecimento, o saber, é fragmentado. Neste particular, deve haver uma atenção redobrada com a introdução das novas disciplinas que se quer introduzir, como os Direitos Humanos, para se evitar fazer apenas mais uma segmentação disciplinar em vez da “harmonização” dos conteúdos.
Um outro aspecto importante dessa revisão curricular é que a avaliação seja realmente formativa e orientada para as competências definidas. Uma avaliação que não serve apenas para medir mas que oferece ao aluno a hipótese de tomar consciência dos seus pontos fortes e fracos e poder melhor a sua aprendizagem ao longo do processo.
Mas uma revisão curricular não pode ser feita de um dia para o outro. Perrenoud (apud Gentile & Bencini, 2002) chama atenção para o erro de querer fazer as reformas curriculares rápido de mais sem observar as práticas sociais, para identificar situações nas quais as pessoas são e serão verdadeiramente confrontadas. Perrenoud critica muitos países de se contentarem em colocar um verbo de acção à frente dos saberes disciplinares, na ideia de estarem a fazer uma reforma dos programas tradicionais. Para este estudioso a descrição de competências deve partir da análise de situações, da acção, e disso derivar conhecimentos.
2. A adopção da metodologia por competências no sistema educativo implica ainda, como diz Burnier (2001), uma melhor reorganização dos estabelecimentos de ensino com bibliotecas mais e melhor equipadas e actualizadas, com laboratórios e oficinas, com espaços e infra-estruturas físicas adequados, com um número reduzido de alunos em cada turma, com laboratórios de informática devidamente infra-estruturados e com ligação à Internet.
Obviamente que para as escola funcionarem neste tipo de ensino por competências requer que haja grandes investimentos. Isto porque as salas de aula passam a ser espaços de produção de artefactos e de realização de experiências, abandonando cada vez mais o método de “giz e quadro”. Será que Cabo Verde tem condições para implementar tal forma de ensino? Exploraremos esta pergunta em outros Posts.
Continuando…, Para além dessas condições materiais, os estabelecimento de ensino devem estar abertos à sociedade e à comunidade onde se inserem, devem estar atentos aos problemas da sociedade para poder preparar os seus alunos para os resolver, devem ser escolas que estabelecem contactos sistemáticos com o mercado através de pesquisas, de trocas de serviços e contactos directos com profissionais, contactos sistemáticos com outras instituições irmãs para troca de experiências pedagógicas e de gestão.
Devem ainda ser estabelecimentos que promovem a cultura reflexiva, isto é, devem ser “escolas reflexivas”, para promover a prática reflexiva entre os membros da sua comunidade, propiciar a troca de ideias, incentivar a pesquisa, as visitas de estudo e o ensino orientado por projectos.
Mas os estabelecimentos de ensino não devem ficar só pela troca de ideias e pela constatação de problemas, devem também desenvolver uma cultura de resultados. Para isso as escolas devem ser dirigidas apoiando-se em instrumentos de gestão como o Plano Educativo Escolar (que em Cabo Verde ainda não se encontra devidamente regulamentada, mas que vem já mencionado em diplomas como o Regime de organização e Gestão dos Estabelecimentos de Ensino Secundário – Decreto-lei n. 20/2002 de 19 de Agosto, no sentido de incentivar as escolas o adoptarem na sua gestão), para traçar metas a curto e longo prazos para resolver as dificuldades constatadas e que acima de tudo avalia a sua actuação.
De acordo com tudo isso, uma pergunta se afigura: será que a gestão das escolas devem continuar a ser dirigidas por professores nomeados pelo Governo? Ou o gestor/director deve ser escolhido pelos seus pares e de preferência entre os professores com formação específica em gestão escolar? Parece-me que esta politização ou partidarização das escolas não aflora em bonança para a qualidade do ensino. Reflectiremos sobre esta questão de forma mais aturada nos próximos Posts.
3. Todavia, todas essas mudanças não servirão de nada se os professores e os alunos não mudarem a sua prática. O professor deve abandonar a ideia de ser um detentor do conhecimento para passar a ser um orientador e facilitador, e um estratega de actividades que possam favorecer a aquisição de competências por parte do aluno. E o aluno deve assumir a responsabilidade pela construção do seu conhecimento e pelo desenvolvimento das suas competências. Daí que deve também haver uma formação e auto-formação dos professores nessa nova metodologia por competências e na utilização das TIC, e a sensibilização dos alunos para a adopção do seu novo papel.
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