quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mudanças na postura do Professor

O Professor continua sendo insubstituível. Porém, deve acompanhar as mudanças, fazer um upgrade das suas capacidades e tornar-se num agente da revolução e participar na construção de um Novo Mundo, formando novos cidadãos com as competências necessárias.

Desenganam-se os que pensam que o tal upgrade necessário refere-se exclusivamente a aprender a utilizar o computador e os programas do Office.

Será realmente necessário o professor dominar minimamente tecnologias pedagógicas e de comunicação e informação, mas a principal melhoria que o professor deve fazer é conhecer os parâmetros da nova metodologia construtivista de ensino e aprendizagem baseada no desenvolvimento de competências e o novo papel que lhe é reservado.

O professor deve antes de tudo abandonar a ideia de ser um detentor do conhecimento para passar a ser um orientador, um facilitador, e um estratega de actividades que possam favorecer a aquisição de competências por parte do aluno. Como diz Perrenoud, o professor deve entender que “ensinar, hoje, significa conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos activos construtivistas”.

Para este autor, fica mais fácil aos professores adeptos da visão construtivista e interactiva da comunicação trabalhar por competências do que os habituados a cumprir rotinas.

O principal recurso do professor é a postura reflexiva, a sua capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com os outros, com os alunos, com a experiência.

Na sua obra “Dez novas competências para ensinar” Perrenoud identifica dez grandes famílias de competências indispensáveis que o professor deve adoptar: 1) organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2) administrar a progressão das aprendizagens; 3) conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam; 4) envolver os alunos nas suas aprendizagens e no seu trabalho; 5) trabalhar em equipa; 6) participar na administração da escola; 7) informar e envolver os pais; 8) utilizar novas tecnologias; 9) enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10) administrar a própria formação continua.

Portanto, o professor do Sec. XXI deve estar também consciente que não é só a sua postura que vai mudar. Ser um facilitador não quer necessariamente dizer que o professor não vai ter a vida facilitada. Pelo contrário, o novo papel que lhe é requerido vai exigir ainda mais trabalho. Se os professores costumam reclamar que trabalham muito, devem estar consciencializados que a nova metodologia de ensino e aprendizagem exige ainda maiores esforços dos professores. Por isso, é indispensável os professores estarem motivados e, fundamentalmente, entenderem que são a pedra angular no processo de revolução do sistema de ensino. Devem entender que o mundo conta principalmente com eles para criar o desejado Mundo Novo, através da sua função de transformar os alunos em pessoas com competências, com capacidade crítica e sentido humanista.

É por isso que autores como Burnier (2001) defendem que os contratos de trabalho dos professores devem ser repensados, incluindo tempos remunerados para todo esse novo conjunto de actividades de preparação, desenvolvimento e avaliação.

Na verdade, o grosso do trabalho do professor passará a ser feito fora da escola e das salas de aula. O professor vai ter que dedicar tempo a fazer: pesquisa de campo, pesquisa de informações, elaboração de recursos de ensino, preparação de aulas com estratégias diversificadas, registo cuidadoso do desenvolvimento de cada aluno e de cada grupo ao longo do processo com observações acerca do que é necessário estimular em cada caso, busca de contactos com profissionais, empresas e instituições ligadas à área de trabalho, reuniões sistemáticas com colegas.

Para além de reservar espaço para reflectir sobre a sua profissão. Hoje em dia em muitos lugares do mundo novos professores só são contratados se comprovarem, geralmente através de um portfólio digital, se costumam reflectir sobre a profissão e experimentar novas estratégias de ensino com seus alunos.

Mas voltando as novas competências do professor…, convém dizer que o professor deve saber organizar situações de aprendizagem que levem os alunos a adoptarem uma postura mais activa, autónoma, reflexiva e criativa. Como diz Perrenoud “a transferência e a mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem do céu, é preciso trabalhá-las e treiná-las”. E o professor é o principal mentor desse trabalho, orientando e regulando o processo.

O professor também deve estar atento para a necessidade de envolver o aluno com as diferentes actividades educativas propostas para a sua formação, de maneira que todos os alunos percebam com clareza o porquê de se estar a realizar cada actividade (Burnier, 2001).

Não é habitual os professores, no início de cada aula, dizer aos alunos porque é que vão estudar tal matéria e qual a utilidade desse conhecimento na sua vida. Esta deverá necessariamente ser uma nova postura que o professor do Sec. XXI deve também adoptar.

Motivar continuamente os alunos é algo que o professor deve incluir nas suas estratégias.

Como dizíamos atrás, dominar minimamente as TIC é outro requisito que o professor do Sec. XXI deve ter. Mas este conhecimento não deve restringir-se aos programas do Office. O professor deve estar também preparado a dominar minimamente programas de edição de imagens, vídeos e sons. Os alunos de hoje são do tempo das tecnologias, então nós professores temos que falar na sua língua para os motivarmos a aprender, ou então o ensino será para eles algo desmotivante e retrógrada. Os alunos hoje utilizam, por exemplo, Mp3 e Ipod. O professor não pode descartar a ideia de construir objectos de aprendizagem utilizando áudio, imagens e vídeo ou em apresentações multimédia, e fazer, por exemplo, audio books e vídeo aulas. O professor pode gravar uma matéria em áudio (.mp3) e disponibilizá-la aos alunos para a ouvirem no seu aparelho Mp3. O professor pode ainda permitir que um aluno faça um trabalho em áudio, por exemplo fazer uma música sobre drogas ou outro tema qualquer. Ou então permitir aos alunos gravar em vídeo uma apresentação oral… enfim há várias possibilidades para motivar os alunos a aprender determinada matéria utilizando as tecnologias. Por isso, o professor deve estar preparado para auxiliar os alunos a utilizar estas possibilidades. E os conhecimentos dos professores nas tecnologias deve estender-se a ambientes da Internet como motores de busca, e-mail, ambientes de colaboração, ambientes de aprendizagem e outras ferramentas interactivas como os portfolios digitais, a Webquest, Hotpotatoes, etc. Mas também saber utilizar minimamente hardwares como computadores, digitalizadoras, impressores, câmaras fotográficas e de filmar.

Com todas estas exigências aos professores, o sistema educativo deve também melhorar o processo de avaliação dos professores. Devo dizer que o nosso sistema de avaliação de docentes em Cabo Verde esta completamente ultrapassado. A avaliação deve servir para avaliar as competências dos professores, aquilo que fazem efectivamente nas escolas e nas salas de aula. Deve servir para recompensar os professores que inovam, que dedicam a experimentar novas estratégias de ensino e a actualizar os seus conhecimentos.

Espero, sinceramente, que este seja outro aspecto que se terá em conta na revolução que se quer imprimir no sistema educativo em Cabo Verde.

4 comentários:

  1. Adorei o texto e muito rico e tenho certeza que ira auxiliar-me nos trabalhos da faculdade,obrigada.

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  2. gostaria que voces dessem mais atenção para o senac de araraquara.pois no curso novo de podologia ainda não entrou uma professora de postura correta.a professora que esta atuando hoje no cargo nao se comporta como uma boa profisinal,se envolve demais com alunas,faz distinção de alunas,tem comercio de roupas,sapatos,bijoterias,produtos de beleza dentro da sala de aulainclusivel ela faz compras de produtos dentro de sala de aula,o pior,no horario que tem modelos para agente tratar dos pés na sala,em vez de ela esta nos auxiliando ela esta escolendo sapatos ou produtos de beleza.ela deixa aluna usar o aparelho de alta frequencia para ferimentos no pé,em partes intimas,na vagina,gostaria de saber é aula de podologia?ou ginicologi?esse é um dos varios erros que esta comprometento a imagem da excelente escola que é o SENAC.

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  3. Parabens o artigo esta muito bom.
    Queria pedir-lhe se poderia dizer-me o nome das obras de Perrenoud que utilizou por favor?
    se puder mander para o meu mail é suleialima@hotmail.com. obrigada!

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